Teologia da Prosperidade – Entenda o que a Bíblia Diz Sobre Ela

Não é de agora que a teologia da prosperidade está presente nas igrejas evangélicas brasileiras. A teologia da prosperidade tem seus primórdios nas terras tupiniquins na década de 80 do século XX.

Porém, a origem da Teologia prosperidade não foi no Brasil. Ela começa nos EUA com o crescimento dos programas evangelísticos na TV, com pregadores que ficaram famosos com a teologia da prosperidade e o movimento que ficou conhecido como Palavra da Fé.

Kenneth Hagin é considerado o pai deste movimento, e por consequência pai da teologia da prosperidade na forma que temos hoje.

Ele era discípulo de Essek Willian Kenyon que é considerado o pai da confissão positiva.

Diversos pregadores e pastores adotaram essa teologia mundo afora, nomes conhecidos são os de Benny Hinn, Paul Young Cho e no Brasil R.R. Soares, Edir Macedo entre muitos outros.

Recentemente (março de 2017) houve uma controvérsia online entre o Pr. Silas Malafaia e o Pr. Paulo Junior, onde em um dos seus vídeos o Pr. Paulo Junior do movimento Defesa do Evangelho cita vários nomes de pregadores que ele aponta como herege por pregarem a teologia da prosperidade.

Silas Malafaia respondeu prontamente com diversas acusações e defendendo pregadores como Mike Murdock, Miles Munroe, Moris Cerullo e outros que têm livros vendidos pela editora Central Gospel do Pr. Silas Malafaia.

Mas o que é a teologia da prosperidade? Seria ela uma heresia? Representa de fato um problema para a igreja evangélica brasileira? É isso que vamos responder neste artigo.

O que é a teologia da prosperidade?

O pressuposto principal de apoio da teologia da prosperidade é que sendo Deus o dono do ouro e da prata, e sendo o Soberano do Universo, e já que Deus é o dono de todas as coisas, Ele deseja que seus filhos sejam prósperos e não sofram.

Assim sendo Deus dono de todas as coisas Ele também dá todas as coisas.

O conceito da teologia da prosperidade afirma que através de Cristo, Deus já liberou todas as coisas para os crentes, todas as bênçãos como saúde, prosperidade, bem-estar, felicidade, riquezas…

Eles ensinam que todas essas coisas já estão disponíveis, mas ainda não disponível para os filhos de Deus. Assim, os filhos de Deus somente precisam tomar posse de todas essas bênçãos que Deus já liberou para os seus filhos em Jesus Cristo.

Os filhos de Deus precisam tomar posse das bênçãos pela fé.

Dessa forma, dentro da teologia da prosperidade, quem tem mais fé, terá mais prosperidade.

E qual é a forma que os filhos de Deus devem demonstrar sua fé? Através das contribuições na igreja. Assumindo o princípio de quando mãos alguém semeia, mais esse alguém vai colher.

Isto é, quanto mais eu doo para a igreja, mas eu vou receber as bênçãos de Deus.

Para embasar a teologia da prosperidade, são citados nomes de personagens bíblicos que foram muito prósperos como Abraão, Davi, Salomão, Neemias e até o próprio Jesus chega a ser citado como um homem rico. E a principal base bíblica está em Marcos 11.24:

“Portanto, eu lhes digo: tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá.”

Então, os propagadores da teologia da prosperidade interpretam esse versículo assim: Para que alguém tenha qualquer coisa nesse mundo, só é preciso crer e tomar posse desse bem, que ele já pertencerá a pessoa que o deseja e o toma posse pela fé e afirmação.

Assim, tudo o que alguém fizer no campo da fé, será também no campo da realidade.

Esses argumentos são facilmente encontrados em ensinos não cristãos, que ensinam o poder da mente, sendo aquilo que você imagina, se tornará real.

Esse tipo de ensinamento é claramente confundido como o livro O Segredo, que ficou muito famoso no mundo, e este livro não é livro cristão. Porém as semelhanças nos ensinos são muitas.

Esses são os pressupostos básicos da teologia da prosperidade.

O que a Bíblia diz sobre Teologia da Prosperidade

Para começarmos analisar o que a Bíblia diz sobre Teologia da Prosperidade, é importante saber que os defensores dessa teologia usam versículos bíblicos para embasar sua doutrina.

E é exatamente esse o grande problema dos falsos ensinos. Todos eles possuem versículos bíblicos para dar embasamento ao arcabouço teológico. E muitas pessoas são levadas por diversas distorções teológicas.

Muitos ensinos que são considerados como errados, na verdade eles não são totalmente errados, pois parte do que eles ensinam é verdade.

O erro está em criar uma doutrina com alguns versículos da Bíblia, e não com toda a Bíblia. Uma doutrina precisa ser embasada na Bíblia como um todo.

Assim , se alguém seleciona partes das Escrituras é possível defender qualquer tipo de teologia.

De forma isolada, podemos provar várias coisas pela Bíblia que na verdade não são verdadeiras com a Revelação Bíblica como um todo.

E é exatamente isso que a Teologia da prosperidade faz, usa a Bíblia de forma isolada para provar os ensinamentos.

E de forma nenhuma podemos selecionar as partes das Bíblia que nos agrada, precisamos ser coerentes e buscar entender o ensino de toda a Bíblia. Assim é alguém que crer na Bíblia.

Mas então? A Bíblia fala sobre prosperidade? Sim, a Bíblia fala sobre prosperidade. Vejamos o Salmo 25, 12-13:

“Quem é o homem que teme o Senhor? Ele o instruirá no caminho que deve seguir.

Viverá em prosperidade, e os seus descendentes herdarão a terra.”

Nesse contexto, a palavra prosperidade ela não se limita a somente prosperidade material, mas antes de tudo a uma prosperidade espiritual.

Mas, sim aqui há o conceito de prosperidade que abrange a prosperidade material. Vamos analisar mais uma passagem bíblica:

“Já fui jovem e agora sou velho, mas nunca vi o justo desamparado, nem seus filhos mendigando o pão.”

Salmos 37:25

Por esse versículo vemos que Deus supre a necessidade dos seus filhos, em que em raras exceções que isto não ocorreu.

Entendemos que o básico pelo menos os filhos de Deus costumam ter.

Também é verdade que Deus prometeu bênçãos materiais para os israelitas fieis, vemos isso no famoso versículo de Malaquias 3.10:

“Tragam o dízimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em minha casa. Ponham-me à prova”, diz o Senhor dos Exércitos, “e vejam se não vou abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las.”

Nesta passagem é explícito um princípio geral que Deus fez com Israel. Precisaríamos de outro artigo para discutir a validade deste princípio no âmbito do Novo Testamento.

Mas para Israel era sim um princípio estabelecido por Deus. Não que Deus permitisse sofrer barganha por Israel, mas era um chamado ao povo eleito de Deus que vivesse dentro da aliança que Ele estabeleceu.

Prosperidade e Sofrimento na Bíblia

Contudo, temos Jó que mesmo sendo fiel a Deus, em uma provação perdeu todos os bens que ele tinha, incluindo seus filhos.

A Bíblia deixa muito claro que Deus permite e decreta que seus filhos passem por tribulações com o objetivo de crescimento e amadurecimento espiritual do seu povo.

Paulo fala das dificuldades que ele enfrentava, ele passou por diversas tribulações que a maioria de nós, cristãos modernos, não aguentaria nem 10%. Veja Filipenses 4, 12-13:

“Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade.
Tudo posso naquele que me fortalece.”


Interessante mostrar que geralmente o versículo 13 é usado na maioria das vezes fora de contexto. No sentido que se pode tudo em Deus para conquistar bens materiais.

Mas isso é uma análise errada e fora do seu contexto. Basta ver o versículo anterior para entender que quando Paulo diz que pode tudo no Senhor é no sentido que ele pode aguentar a pobreza, a necessidade, a fome, as necessidades… Ele pode suportar todas essas coisas por amor ao Senhor.

Paulo nos ensina que não são as circunstâncias da vida que o fazem ser feliz ou infeliz, mas sim Deus. Pois é Deus que o fortalece em qualquer circunstância da vida.

E é esse o contexto geral de Filipenses 4: A Alegria no Senhor.

E além do que Paulo nos ensina o próprio Jesus nos ensina que no mundo nós teríamos aflições.

Vejamos esse versículo: “Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada.”

Romanos 8:18

Então seria Paulo alguém não abençoado pelo Senhor? Ele falou dos sofrimentos atuais. Quais seriam esses sofrimentos?  O contexto de Romanos 8 nos mostra, vejamos os versículos posteriores:

“Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
Como está escrito: “Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro”.
Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.
Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes,
nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.”

Romanos 8:35-39

Veja que eles passavam por tribulações, angústias, perseguições… Sendo entregue a morte todos os dias.

A Igreja Primitiva passou por severas perseguições e a Igreja mundialmente ainda sofre

Seria então toda a Igreja primitiva não abençoada por Deus por estarem passando por todas essas angústias? Seriam eles não amados por Deus?

Provavelmente um pregador da teologia da prosperidade os diria que eles estavam passando por essas lutas por não estarem “semeando no Reino” ou não estavam tomando posse da sua benção.  Seria isso razoável? Claramente não.

Basta ler que Deus não prova seu amor para com os seus filhos com bênçãos. Mas prova o seu amor da seguinte forma:

“Mas Deus prova seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores.”

Romanos 5-8

Então vimos até agora que a Bíblia fala tanto de prosperidade quanto de necessidades. Vamos agora buscar organizar o ensino Bíblico:

#01 – Riquezas podem ser bênçãos de Deus

Sim, as riquezas podem ser bênçãos de Deus, mas elas representam a menor das bênçãos. De modo que a verdadeira prosperidade não é dinheiro. E sim o relacionamento íntimo com Deus. Se alguém é justificado pela fé, tem paz com Deus.

Os crentes verdadeiros buscam primeiro o Reino de Deus e não anda ansioso por coisas materiais. A prioridade é o Reino de Deus, o resto é acréscimo.

#02 – A grande prosperidade não é financeira, e sim espiritual

Vamos analisar uma passagem bíblica que nos mostra exatamente isso:

“Pelo contrário, como servos de Deus, recomendamo-nos de todas as formas: em muita perseverança; em sofrimentos, privações e tristezas;
em açoites, prisões e tumultos; em trabalhos árduos, noites sem dormir e jejuns;
em pureza, conhecimento, paciência e bondade; no Espírito Santo e no amor sincero;
na palavra da verdade e no poder de Deus; com as armas da justiça, quer de ataque, quer de defesa;
por honra e por desonra; por difamação e por boa fama; tidos por enganadores, sendo verdadeiros;
como desconhecidos, apesar de bem conhecidos; como morrendo, mas eis que vivemos; espancados, mas não mortos;
entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo.”
2 Coríntios 6:4-10

O que Deus nos ensina aqui através da vida de Paulo: Podemos estar de bolsos vazios, mas ainda assim temos tudo.

Diante da grandeza de ter Deus, dinheiro não é nada. Sei que precisamos do dinheiro para viver neste mundo, mas ele não é absolutamente nada ao dom de Deus que é a vida eterna.

#03 – O amor ao dinheiro é incompatível com a vida cristã

O amor ao dinheiro é incompatível com a vida de um cristão. Essa busca desenfreada para se tornar rico não é algo que seja coerente com um filho de Deus.

Muitas pessoas se submetem a várias campanhas para se conseguirem riqueza de Deus. E isso mostra o que está no coração delas.

Vamos analisar mais um texto bíblico que é decisivo quanto a isso:

“Se alguém ensina falsas doutrinas e não concorda com a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino que é segundo a piedade,
é orgulhoso e nada entende. Esse tal mostra um interesse doentio por controvérsias e contendas acerca de palavras, que resultam em inveja, brigas, difamações, suspeitas malignas
e atritos constantes entre pessoas que têm a mente corrompida e que são privados da verdade, os quais pensam que a piedade é fonte de lucro.
De fato, a piedade com contentamento é grande fonte de lucro,
pois nada trouxemos para este mundo e dele nada podemos levar;
por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos.
Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição,
pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos.
Você, porém, homem de Deus, fuja de tudo isso e busque a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a mansidão.”
1 Timóteo 6:3-11

Pelo texto vemos que nos dias de Paulo já havia teologia da prosperidade. Pessoas que pensavam que a piedade podia ser fonte de lucro. Veja no texto o que o Paulo fala das pessoas que agem assim.

Paulo nos ensina que a verdadeira fonte de lucro é o contentamento naquilo que Deus tem nos dado. E não o desejo por riquezas, pois esse desejo só leva a destruição . Muitas pessoas na própria igreja passam a vida inteira correndo daquilo que elas não poderão carregar, pois estão juntando tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem corroem.

#04 – Deus pode abençoar ricos

Deus não exclui os ricos do seu Reino, dizer que a Teologia da Prosperidade é errada não é o mesmo que dizer que as teologias que enfatizam a pobreza estão certas, como fazem a Teologia da libertação dos católicos e TMI – Teologia da missão integral que é a versão protestante.

Ambas são erradas, dois extremos opostos uma enfatizando a riqueza e outra enfatizando a pobreza.

Cada um pega uma parte isolada da bíblia e coloca como verdade máxima.

A Bíblia revela que Deus pode abençoar os ricos, e Ele faz isso com um propósito, de forma nenhuma Deus exclui os ricos simplesmente por que são ricos.  Vamos ao texto bíblico:

“Ordene aos que são ricos no presente mundo que não sejam arrogantes, nem ponham sua esperança na incerteza da riqueza, mas em Deus, que de tudo nos provê ricamente, para a nossa satisfação.
Ordene-lhes que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos e prontos para repartir.
Dessa forma, eles acumularão um tesouro para si mesmos, um firme fundamento para a era que há de vir, e assim alcançarão a verdadeira vida.”
1 Timóteo 6:17-19

Assim, Deus deseja que os seus filhos que são abençoados com riquezas, usem essas riquezas para ser benção na vida de outras pessoas.

Meu conselho é que acima de todas as coisas confiemos na providência de Deus, pois Ele é justo e fiel.

Coloque o seu coração Nele e confie na Bíblia como um todo. Fuja dos contextos isolados e confie em Deus que é Soberano sobre todas as coisas.

Deus te abençoe!

Apenas um Filho e Deus e isso é Tudo que eu preciso!

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